segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

O Curioso Caso do Celular Perdido


Este é um causo acontecido domingo pela manhã com um grande amigo ciclista daqui de Brasília, Márcio Destro. Como todo aviador é um excelente contador de histórias.

O Curioso Caso do Celular Perdido

Tudo começou ao término de um treino de bicicleta, acompanhando o “Pelotão B” no Lago Sul. Como de costume, paramos no Posto do Ciclista (próximo ao CNPQ) para reabastecer as caramanholas e bater um papo rápido com os companheiros, depois seguindo de bicicleta para casa, em Águas Claras.Aconteceu, então, após cerca de 7km rodados, na altura do Núcleo Bandeirante, metade do caminho para o destino, de perceber que o celular já não se encontrava mais no bolso traseiro da camisa de ciclista.Neste mundo conectado, preciso compartilhar que me senti como um náufrago naquele exato momento, tal como Tom Hanks! Passando pela minha cabeça onde, possivelmente, teria o bendito sido perdido...Lembrei-me de que havia mexido no bolso da camisa ao término do pedal, no Posto do Ciclista, assim o mesmo poderia ter caído e alguém o recolheria por ali.Assim, resolvi pegar o primeiro retorno para testar esta hipótese.De imediato, ao avistar um posto de gasolina, também me veio a idéia de pedir a um frentista para ligar para o meu celular e ressarcir-lhe o custo da chamada.Quando parei junto ao posto Shell, no Núcleo Bandeirante, conheci o Carlos, que realizou prontamente a chamada para o meu celular quando expliquei-lhe o ocorrido. Mas o celular tocou até cair na caixa postal...Meio desapontado, agradeci ao Carlos e segui caminho para testar a minha hipótese.Com as pernas cansadas, retornei ao posto do Ciclista tentando observar se o bendito não estava caído no trajeto. Mas não foi avistado até minha chegada ao posto.Em lá chegando, perguntei a duas frentistas e a uma atendente na loja de conveniência se haviam encontrado um celular caído por ali, mas a resposta foi negativa.Mais uma vez desapontado, agora pela minha hipótese estar se esvaindo pelo ar, resolvi fazer o trajeto do treino, no sentido contrário, para tentar encontrar o bendito.Logo no início avistei um telefone público e resolvi tentar ligar a cobrar para o celular, assim como para minha esposa. Mas o telefone estava com defeito.Pensei comigo, hoje não é o meu dia!Desisti da idéia de fazer o caminho inverso ao do treino e voltei ao posto do ciclista.Ao avistar ali vários companheiros ciclistas, tentei encontrar um conhecido, mas novamente não tive sorte.Resolvi, então, abordar um deles. E assim conheci o Brian, com sotaque estrangeiro, talvez inglês, o qual prontamente me emprestou o seu celular assim que lhe contei o ocorrido.Liguei para o meu celular, mas caiu novamente na caixa postal.Pedi ao Brian para tentar mais uma vez e que esta seria a última tentativa. A expectativa já era de insucesso, tendo em vista o pequeno histórico supracitado. Assim, o telefone tocou até o momento que eu já imaginava estar próximo de entrar na caixa postal, quando alguém atendeu!Neste momento me deu um branco, pois não estava esperando que isso acontecesse. Após um instante, falei que era o dono do celular e acabei conhecendo por telefone o Alex, que o havia encontrado próximo à floricultura, na metade do caminho entre o Posto do Ciclista e o Núcleo Bandeirante.Combinamos, então, de nos encontrar no mesmo posto que conheci o Carlos, frentista, pois o Alex morava bem próximo.Ao encerrar a ligação, agradeci ao Brian pelo favor e lhe ofereci reembolso pelo custo da chamada. Ele então respondeu que os ciclistas se ajudam e que ele já havia inclusive ganhado equipamento de um ciclista. Insisti para lhe ressarcir, mas ele recusou veementemente.Após nos despedirmos, segui pedalando para o posto do Carlos, agora sentindo-me mais tranquilo.Após 15 minutos de pedalada, encontrei o Carlos e ele me disse que o Alex ligou de volta pouco tempo depois que tentei a primeira chamada, para dizer que estava com o telefone. Assim, pedi ao Carlos para avisar ao Alex que eu o estava esperando. Tentei ressarcir ao Carlos o custo da chamada, mas ele fez exatamente como o Brian, recusou veementemente. Como ele não quiz aceitar de forma alguma, informei-o que deixaria pago um refrigerante na loja de conveniência, o que seria algo simbólico pelo meu agradecimento. Ele apenas sorriu!Feito isto, 5 minutos depois aparece o Alex pedalando sua Montain Bike e assim nos conhecemos pessoalmente.Ele estava fazendo um treino de corrida quando encontrou o celular caído na pista e, aparentemente, um veículo tinha passado sobre ele, pois estava com o vidro todo trincado. Para minha sorte, havia instalado uma película de vidro temperado de proteção e uma capinha de silicone, sendo que somente a película havia se despedaçado. O celular estava intacto, funcionando e uma boa alma o havia trazido de volta! Naquele momento não era mais um náufrago, estava de volta à civilização!O Alex me informou que havia acessado o celular para passar mensagem via WhatsApp ao primeiro contato que viu, o também ciclista Lucas Albuquerque, informando que estava de posse do celular. Assim, o Lucas repassou a mensagem para o Bruno (ciclista!) que é meu vizinho, o qual prontamente veio até meu prédio informar a minha esposa.Enquanto isto, eu estava alheio a estes desdobramentos e apenas tentei mais uma vez ressarcir o trabalho e o tempo que o Alex teve que dispor para me retornar o celular. Mais uma vez ouvi que não era necessário...O Alex apenas me disse que não era transtorno algum, pois gostaria que fizessem o mesmo por ele! Seu irmão é ciclista!Agradeci exultante seu gesto e assim nos despedimos.Pensei em ligar para casa, mas resolvi não preocupar minha esposa, imaginando que ela não sabia de nada do ocorrido, deixando para contar tudo quando chegasse. Assim passei uma mensagem ao Lucas Albuquerque informando que tudo estava resolvido.Segui rumo a Águas Claras, meu reduto, curtindo o final do treino de domingo, quando a cerca de um quilômetro para a chegada em casa, eis que percebo o pneu traseiro furado, mas com um resquício de ar, pois estava esvaziando lentamente. Pensei comigo, depois de tudo isto que aconteceu, este pneu não vai me deixar na mão até meu porto seguro. Acelerei o passo e percebi o aro tocando o chão quando faltava cerca de 50m para meu destino. Mais uma vez estava salvo!Ao chegar na garagem do prédio, encontro a Marinalva, zeladora. Com um sorriso, dei-lhe bom dia e recebi como resposta: “Seu márcio, encontraram o seu celular!”Esta me surpreendeu!Ela então me falou que um rapaz (Bruno) havia informado a minha esposa que encontraram o celular.Contei-lhe sucintamente a história e subi para minha casa, para contar novamente para minha esposa, com mais detalhes.E por isto resolvi escrever, para contar mais uma vez os detalhes de como estes pequenos gestos, de pessoas que encontramos ao acaso, nos trazem uma sensação de que sempre há esperança, mesmo quando imaginamos o pior.Assim, vários ciclistas, um corredor, um frentista e uma zeladora me mostraram que se importam comigo, sendo que boa parte deles nunca haviam sequer me visto!Isto julgo importante compartilhar!

Muito figura o Márcio! Aqui minha pequena parte nessa longa jornada: Domingo 8 horas da manhã recebo uma mensagem do Márcio (que não era ele, era o Alex) via whats up dizendo que tinham encontrado o telefone "do seu amigo" semi-destruído no rua. Casa com duas crianças com fome pela manhã é um teste de sanidade mental e auto controle e ainda tinha mais essa pra desenrolar. Fiquei com medo de ser um golpe no primeiro momento, mas um dia antes eu quase tinha perdido minha "carteira" do mesmo jeito. Mandei mensagem pro Bruno que poderia estar no mesmo pelotão que o Márcio ou avisar pra esposa, depois do pedal, onde o telefone estava. Mas deu nessa história toda que vocês leram aí em cima!

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