terça-feira, 24 de maio de 2016

Criterium Grande Prêmio da Holanda: Eu fui!

Sério ali na esquerda
A primeira coisa que tenho a dizer é que foi muito legal a festa. Mesmo sendo o primeiro evento deste tipo aqui em Brasília, a estrutura estava sensacional. Tudo bem sinalizado para os ciclistas, usuári
os do parque e espectadores do evento. Brinquedos para as crianças e lanches pra todo mundo, dos naturebas ao gourmet. Tudo muito bom. A festa toda foi parte das comemorações do dia do Rei da Holanda onde vários eventos foram realizados por todo Brasil. Aqui temos ainda a exposição de trabalhos de Mondrian e do movimento De Stjil e tivemos dois eventos no bar Santuário e a prova ciclística no parque da cidade.
Os locais babam
Quando penso na Holanda é a primeira coisa que me vem a mente, nada poderia ser mais Holandês, me arrisco a dizer que é o simbolo secreto da Holanda: Drop. Sim, Dutch Drop. A pronuncia é tipo o Galvão falava "rrrrrronaldinho!". Nosso amigo Martjin nos ofereceu essa iguaria, mas não sem antes nos explicar que ele não estava de sacanagem com a gente, "Meu pai come um pacote desses de uma vez" nos alertou. Não vou tentar me atrever a descrever o sabor, é um negócio complexo. É o tipo de comida que os locais curtem, não eu. Perguntem ao idealizador da prova.
Bike Fishing: 12 mil bicicletas pescadas por ano
As bicicletas desempenham um papel importante lá também, talvez depois do Arenque Cru com cebola numa peixaria mais antiga que o Brasil, mas elas estão em toda a parte. Nas ruas, casas, bares, coffee shops, estações de trem (milhões delas) e no fundos dos canais. Voltando ao nosso quadradinho querido, mais especificamente ao parque, minha prova foi muito boa, tão boa que eu fiquei com mais vontade de treinar e não de vender a bicicleta.

A categoria open, onde me inscrevi, foi a primeira a largar, às 7 da manhã, infelizmente a Eurosport ainda não estava transmitindo ao-vivo, fazer o quê? Cheguei cedo, já tinha pegado meu numeral durante a semana, fui lá pra frente na largada pra evitar possíveis confusões, mas demorei 2 anos pra encaixar a sapatilha no pedal e acabei ficando um pouco pra trás. Novinho nervoso, normal. O pessoal também estava nervoso, acertaram um cone logo no inicio da prova, causando algumas quedas, desviei de tudo e todos conseguindo voltar ao pelotão. Não sei se é coisa dos ciclistas daqui de Brasília, mas o pessoal adora cones. Se tiver algum na rua, será derrubado. É tipo casco vermelho do Mario Kart. Lá pra metade da prova derrubaram mais um, mas sem consequências maiores. O ritmo seguiu bem razoável na primeira volta ali pelo meio do pelotão. Algumas fechadas tensas dos pilotos de Moto GP (pessoal da tangência na pista toda) outras freadas desnecessárias, mas era previsto, estamos na categoria dos iniciantes. Na subida do cemitério aquela puxadinha de leve, nada assustador ainda. O detalhe foi que subi sem descer a marcha pra coroinha, fiquei surpreso. Passar pelo pórtico de largada/chegada era uma diversão à parte. No restante da subida até o TCDF o pelotão acalmava, alguns reclamavam da queda do ritmo, mas quem reclamou não foi assumir a frente do pelotão. O cargo de puxar ficou na maioria do tempo com o pessoal da Veloce, Roberto Negrete levou a medalha de mais combativo pelo serviço prestado ao pelotão, garantindo média de 40,8 km/h no final da prova. As subidas do cemitério foram se sucedendo, segunda, terceira, sempre sem descer marcha. Só eu que perdia umas posições, mas sem perder o pelotão. O restante da subida do parque também era no mesmo esquema (todo mundo sabe, já dizia o Jucá). Eu já estava pensando em como fazer meu brilhareco. Terminar a prova no meio do pelote seria legal, mas não seria foda.

No inicio da última volta já estava decidido. O super ataque surpresa para aparecer no sports center já estava pronto na minha cabeça. Fui procurando a esquerda do pelote e esperando uma roda que me levasse lá pra frente. Lá pelo terceiro ciclista que avançou consegui um espaço pra entrar na fila, ali na altura do pavilhão de exposições, onde a subida inclina um pouquinho mais, quase chegando na frente do pelote e com bastante espaço na esquerda, ataquei. Tinha avistado uma moto amarela e uma câmera na mão do condutor, perfeito, vou sair na fita ainda! Pensei. Dois cliques no passador com o dedão da mão direita e duas marchas pra baixo. Crac, Crac fez a corrente descendo precisa (Ah, campy...), pé direito na frente, levanta e força, muita força. Segura a bronca aí 3T. Acelerei forte, deixei o pelotão pra trás e passei por um escapado que nem tinha visto antes de atacar. Crac! E mais uma marcha, a subida terminou e só ouço o barulho do vento e meu coração que estava mais ou menos na altura das orelhas. Já tinha chegado aos 40 por hora (Obrigado, Orbis II). Fique baixo, fique baixo, pensava. O suor pingava do capacete enquanto pedalava de cabeça baixa. Olhei pra trás e o pessoal ainda estava longe, em uma longa fila indiana, tinham reagido ao meu ataque. Olhei pra frente e o cara na moto não estava me filmando, bosta. Não durou muito, é verdade, fui pego por uma segunda passando a entrada do estacionamento do parquinho Ana Lídia, o outro escapado ainda chamou pra trabalharmos juntos, mas o pelotão já estava nos nosso calcanhares. Valeu cada segundo. Agora estava surpreso de verdade, gostei de mim (já dizia o professor Fábio lá no Colégio Apoio). No restante da volta estava me sentindo meio tonto. Não sei pelo pico de adrenalina ou pelo esforço. Muito provavelmente pelos dois. Mais uma subida do cemitério pra terminar, dessa vez acabei ficando. Passei mais uns sobrados e ainda tive ânimo de fazer um sprint no final.

Fechei a prova sorrindo e com planos de participar de mais provas do calendário. Planos de treinar mais, ir pra Holanda, conquistar o mundo e tudo mais. Espero muito que o pessoal da embaixada do Reino dos Países Baixos tenha tido o retorno esperado, quero mais ano que vem.

PS: Ainda não achei foto nenhuma minha heheh

9 comentários:

  1. Valeu Lucas, belo relato. Vou compartilhar. Abraço

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  2. Excelente texto, Lucas! Como você estava vestido? Eu estive lá tirando fotos, e posso ver se te encontro no bolo

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    1. Olá Sérgio, obrigado! Eu estava usando uma camiseta preta com uma faixa vermelha da 3T, bretelle specialized e capacete preto. Ainda tô impressionado com minha habilidade de sumir nas fotos heheh

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  3. Olá Lucas, texto muito bom! Bom saber que pelo menos um brasiliense sabe das todas nossas atividades.

    Niels (embaixada dos Países Baixos)

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    1. Niels, felizmente tive o privilégio de visitar a Holanda uma vez. Espero poder voltar algumas outras! Obrigado!

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