terça-feira, 28 de junho de 2016

Torneio Capital de Ciclismo: Etapa Sudoeste

Seriedade somo nozes. Foto: Bruno Nogueira
Participei de mais uma etapa do Torneio Capital de Ciclismo aqui em Brasília, dessa vez no conhecido circuito do Sudoeste. Conhecido por quem pedala em competições há mais tempo que eu, por que nunca tinha corrido lá. Fiz um reconhecimento alguns dias antes pra não chegar tão verde na hora da prova, mas fazer curvas fechadas em pelotão é uma loucura. Foi bem menos tenso que as curvas do parque da cidade a 50 por hora com o pessoal do Moto GP. Curtinho com pouco menos que 2 quilômetros, o circuito não tem nada de fácil. A melhor definição veio do Marcello "Canela": "É um jogo de tênis, porrada de cá e porrada de lá" e foi um monte de porrada.

Um dos motivos de eu ter demorado a escrever sobre a prova é que pra mim ela foi bem morna. Cheguei bem perto do grupo da frente, andei forte pra pegar fuga, faltou assustar o pelotão. Acho que a graça da coisa é essa, ficar na rabeira só pra completar a prova não me deixa com um sorriso no rosto. Até tive uma oportunidade, mas acabei não "fondo". Tô arrependido. Uma coisa muito chata que aconteceu foi a combinação de bretelle e pernito que escolhi. Como não rola de ir com as canelas raspadas tenho usado um pernito na crença de que ficaria mais "aero". Ficaria se o pernito ficasse no lugar. Lá pra metade da prova, o negócio já estava no tornozelo. Minha vontade era de incinerar o pobre pernito, mas fui eu que não soube usar direito, pois só deu errado de um lado só. Foi poupado.
Doeu bastante.  Foto: Bruno Nogueira
A organização continua sensacional, melhorando a cada prova. Dessa vez vieram algumas opções de lanches no Kombuco e açaí. Excelente pra quem acompanha as atividades.

domingo, 5 de junho de 2016

Giro do Giro d'Itália: Esteban Chaves

Pois é, só tive essa ideia de título agora. Giro do Giro, será o lugar que escreverei sobre alguns pontos interessantes do Giro d'Itália 2016. Um mês atrasado, mas tudo dentro da normalidade. Vamos lá...
Sorrindo, só que não, Foto: Graham Watson
Começo a série pelo segundo colocado do Giro 2016, o "jóvi" Johan Steban Chaves Rubio. A história pessoal de Steban é sensacional, quem vê o baixinho sempre sorrindo não imagina o que esse cara passou recentemente. Ele tem 26 anos de idade, 3 correndo pela Orica Green-edge, 1,64 m e 54 quilos, Chavito sorri e muito. Mas não espere aqui um dramalhão tipo Faustão falando nas dificuldades na infância pobre na Colômbia... Não. Esqueça! Até por que eu não sei pelo que ele passou na Colômbia e outra por que eu acho um saco a idolatração meritocrática de quem vive uma vida mansa, tipo eu, de apontar pra TV e dizer "viu só, é um pobrezinho esforçado que subiu na vida". Um porre.

Em 2013, durante uma prova, Steban se acidentou feio. Feio tipo traumatismo craniano, sangue nos pulmões, mandíbula, costelas, clavícula, ouvido interno quebrados. Mas o pior foram o nervo auxiliar completamente destruído e o nervo escapular parcialmente danificado. Eu quase apaguei essa lista pra não deixar minhas fãs preocupadas (Esposa, filhas, mãe e irmã são fãs também...). Médicos colombianos e italianos disseram que ele não conseguiria competir profissionalmente, mas ele conseguiu encontrar uma chance. Nove horas de cirurgia, um nervo do pé retirado para reconstruir seu braço. A Orica Green-edge assinou contrato mesmo sem Chaves estar completamente recuperado. Em 2014 ele conseguiu um quarto na etapa rainha do Tour de Langkawi, e vitórias em etapas de montanha no Tour da Califórnia e da Suíça. Em 2015, onde Steban apareceu para o mundo, ele venceu duas etapas da Vuelta terminando em quinto no geral. E há algumas semanas, depois de vencer uma etapa do Giro, terminou em segundo no geral. O time australiano acertou em cheio na contratação!

Em entrevista, depois de ter sido superado por Vincenzo Nibali na útima etapa estando com a maglia rosa, disse: "É a primeira vez que meus pais vêm à Europa, a primeira vez que eu visto a maglia rosa, é o melhor momento da minha vida, só perdemos uma corrida de bicicletas". E continua: "Nibali e Scarponi mostraram e eles são os melhores. Eu não tinha pernas, a vida é assim" Sem nenhum sinal de desapontamento. Quando perguntado sobre ter tomado antibióticos, respondeu: "Sim, tomei. Mas não é uma desculpa, eu não sou o cara que fala isso ou aquilo como razão, não, simplesmente não tinha pernas e só"

Tem como não ficar fã de uma figura dessas?

Trechos da entrevista e outros detalhes, como do acidente, foram traduzidos da revista Cycling weekly.