domingo, 4 de outubro de 2015

Subidas de Brasília: O Buraco do Tatu


Pessoas altamente estressadas sempre chegam em um ponto crítico. Ninguém consegue viver muito tempo assim sem quebrar em algum momento. Ou acontece algum tipo de piripaque grave, ou um dia de fúria em um fast food ou até uma tarde abraçado numa garrafa de cachaça de plástico. Depois disso elas costumam a se entregar a algum tipo de religião ou filosofia antiga das catacumbas dos cantimbós da china (que ninguém mais dá a mínima), ou a horas e mais horas tentando inverter o jeito certo de andar, deitar e sentar - que humanos levaram milhares de anos pra desenvolver - ou, se você pedala, pode ir no Buraco do Tatu. 

Certifique-se que você tenha um nível de preparo físico bom pra tentar essa subida. Tipo subir a primeira parte da JK forte, mas sem vomitar. Se não tiver, fatalmente você irá subir andando (na melhor das hipóteses) ou numa ambulância.

A Borda do Planalto Central

São 110 metros pra cima em apenas 900 metros pra frente. Significa... Se não é suficiente pra repensar a vida, repensar a ideia de ter descido lá é muito fácil. E isso acontece sempre que eu vou até lá. Principalmente quando tenho a intenção de repetir essa subida algumas vezes. Com a relação que está na minha bicicleta, o sofrimento é amplificado, cadência de uns 40 rpm, em pé.

Vai descer aí mesmo?

Subindo a QI 23, no balão, pegue a segunda saída em direção aos condomínios. Tem um outro balão menor, pegue novamente a segunda saída. Logo depois de uma grande portaria vermelha, entre na primeira rua a esquerda. Não tem jeito de chegar por baixo, dá pra ver que o buraco é fundo (melhor testar os freios antes), o sofrimento começa de véspera. Mantenha-se firme e desça até o final. Agora olhe para trás e veja o tamanho da besteira que você fez.

Tá feita a M.

Não começa suave, são 19% na primeira curva. O primeiro trecho (foto de cima) segue duro até uma pequena reta onde a inclinação volta a ter apenas um dígito, coisa de 8%, mas parece que é plano depois do brutal início. Antes da curva a direita, as lágrimas voltam, mais de 10% de novo até a próxima curva a esquerda.

Plano, só que não.

É um lugar de penitência relativamente pouco visitado aqui em Brasília. Sempre que posso, acabo indo lá. Treinar nesses gradientes me faz me sentir muito melhor em subidas menores. E é um ótimo medidor de preparo físico, se o coração chegar perto das amidalas, mal sinal. Fazer repetições lá é um dos treinos de subida mais extremos da região.

Obrigado, Fulcrum.

2 comentários:

  1. Muito bacana esse texto sobre o BURACO DO TATU. Fui uma vez...cara é cruel...e olha que subo a 8% todos os dias, pois moro no Mangueiral. Estou me preparando psicologicamente para ir novamente. hahahaha...Valeu.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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