segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

Pedal de 100km

Saindo para o primeiro pedal de 100 km.
Em um passado não muito distante, sair pra pedalar 100 quilômetros era um evento especial. Épico é a palavra correta. Tudo era épico, desde a noite anterior ao pedal, quando todos os preparativos eram feitos com todo cuidado pra não perder muito tempo na madrugada da saída. Madrugada mesmo, tipo acordar as 4 da manhã. A lista de coisas para carregar era interminável. Muita água, água com gatorade ou qualquer outra mistura insólita. Gel, barra de proteína, frutas e de urânio enriquecido (não). Telefone, bombas (de quadro e de bolso), várias câmaras, kit de reparo pras câmaras, pra corrente e pra rochas vulcânicas terciárias. Protetor solar, labial, várias camadas de roupas, manguito, pernito, pescocito e orelhito... 

Acontece.
Durante o pedal são intermináveis horas de perrengues. Pneus furados, rasgados e esfolados. Sol do meio dia e poeira por toda parte. Várias paradas pra reabastecer toda a parafernália, descansar, tirar fotos, tomar coca-cola. No final tudo dói, pescoço, costas, mãos e as pernas não tem outra utilidade a não ser figurativa.


Sempre bom parar pro café snob.
Pois no dia 24 de dezembro, aproveitando que meus sogros estavam em casa para dar um apoio, saí pra pedalar 100 quilômetros. Desde que minha segunda filha nasceu nunca tive tanto tempo para pedalar. Botei o despertador para as 6 da manhã, desliguei, acordei 15 minutos depois. Tomei o café regulamentar, Catei uns damascos secos, uma só garrafa com água (perdi a tampa da outra) e outras poucas coisas. Incluí nos planos uma das maiores subidas daqui, a do Colorado. Subi, desci, percorri 50 quilômetros com muito vento. Parei pra uma tapioca, café e pra encher a garrafa com mais água. Esqueci de tirar fotos (menos do café). Mais 50 com muito vento também e voltei pra casa. Média baixa e um sentimento nada épico. Tipo "já terminou, Jéssica?" Não estou me gabando da minha forma física atual (talvez um pouco), mas me senti muito pouco épico chegando em casa depois desse pedal. Milha filha mais nova não sorriu pra mim, ela nunca sorri quando estou de capacete e óculos (fica com cara de "o que é isso em você??". A mais velha veio correndo me abraçar e depois saiu correndo por que estava suado (Isso também acontece com certa constância). E minha esposa perguntou se tinha sido tudo bem. Nada de mais. Esperava bem mais desse pedal...

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Melhores fotos de 2015 por Strava

O nosso querido Strava lançou uma incrível página com as melhores fotos de 2015. Simplesmente IMPERDÍVEL! Selecionei algumas fotos a esmo. Vale muito o clique no Ride 2015
Big Four. Nibali, Froome, Quintana, Valverde e Contador no Tour

Daniel Teklehaimanot na Polka dot.

John D. Paris Roubaix

Roubaix, sofrimento trepidante.

Avaliação: Capacete Garneau X-Lite

Extra leve
Existem várias coisas ao nosso redor feitas para nossa proteção que acreditamos com todas as forças que vai dar tudo certo quando for preciso. E torcemos muito mais - bem mais que a cassação do mandato de Eduardo Cunha - para que não precisemos desses artifícios protetores. Os automóveis mais recentes aqui no Brasil começam a vir recheados dessas proteções depois de muita resistência das montadoras e corpo mole do governo. Ninguém que gasta milhares de dilmas em um carro com 8 air bags pensa: "Véi, vou usar os 8 de uma vez só, hoje!"

 Sentindo dores no pescoço e umas fisgadas do raladão na perna da queda na última quarta, uma ideia - além do asfalto - me veio a cabeça . Fiz uma boa avaliação de equipamento! O capacete! Não era minha intensão testa-lo desse jeito, mas o protetor de cabeção foi aprovado com louvor, felizmente.
Bom acabamento
Louis Garneau X-Lite foi meu capacete por longos quilômetros. Sempre foi um equipamento vendido com uma ótima relação custo-benefício. Muito leve e bem ventilado, além de ter um bom acabamento interno e externo. Na foto o apoio da testa está bem amassado, mas foi culpa minha. Uma vez botei-o na máquina de lavar no modo "salve minhas roupas de pedalar". Não foi boa ideia, mas o capacete vem com com os apoios duplicados. O ajuste traseiro é minimalista, uma peça bem simples e pequena que oferece bom apoio pra nuca. E o principal, ele quebra antes da sua cabeça, protegendo o que quer que tenha dentro.       

Rachado no capacete e cabeça intacta.
Espero muito ficar mais uns anos sem bater a cabeça no chão, a dor no bolso é cruel também.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Que estranho, fui plagiado!

Chatiado
Uma coisa interessante aconteceu ontem. Um texto meu foi plagiado! Os 10 tipos de ciclistas pra pedalar junto foi o texto. Fiquei bem surpreso. Eu, um projeto de blogueiro, sério, sendo copiado! Acho que deve ter ficado muito bom o texto. 

Foi alguém que escreve no Portal Texas Bike que colou o texto na página do Strava Brasil no Facebook. Bom, pedi pra eles colocarem o link pro meu blog e alguém respondeu super educadamente pedindo o link. Por mim estaria tudo resolvido se isso tivesse acontecido, mas apagaram a postagem. 

Pô baxastral... Todo mundo pedala, vamos nos ajudar Texas Bike!!!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Como tratar ralados. Pois é, me ralei...

Sagan descendo forte no Tour - Foto: Watson. cyclingweekly.co.uk
Vinha rápido em um trecho reto de pequeno declive. Numa comercial aqui do Plano. Um carro tinha diminuído pra eu passar e pra agilizar o trânsito, acelerei mais um pouco. Lá embaixo um balão (rótula, bambolê ou queijin). Já tinha desligado o gps, nem era disputa de Kom e estava a uns 500 metros de casa. Não vinha carro nenhum do lado direito e eu pensei: Vai Sagan! Nem toquei nos freios de tão confiante. No meio da curva já estava mais pra Valentino Rossi. No meio dessa mesma curva já estava com a sensação de que aquilo não poderia dar certo. No meio dessa mesma curva o pneu dianteiro escorregou. No final dessa curva eu estava arrastando no asfalto esperando tudo parar. Quando tudo parou, levantei rápido para sair do meio da rua. Um cara, de dentro do carro me perguntou se estava tudo bem. Respondi que estava, olhando para a bicicleta, obviamente. Eu estava de pé, devia estar bem mesmo. Depois de ver que estava tudo no lugar (na bicicleta), botei a corrente de volta, e continuei meu caminho. Aí a perna começou a arder.

Rossi. Só que não
Pesquisando em alguns sites sobre ciclismo, achei algumas dicas úteis para se tratar em caso de acidente. Mas eu recomendo fortemente é não tentar fazer curvas igual no Moto Gp em cima de uma bicicleta, os pneus não são parecidos, não vai funcionar, vai por mim!
Resultado

O médico chefe da equipe Sky, Richard Usher dá as dicas:

  • Procure por mais ferimentos (depois de verificar a bicicleta, obviamente!).
  • Pare o sangramento. (Ou as lágrimas, se a bici estiver quebrada)
  • Limpe a ferida com água potável (isso vai doer. Muito)
  • Cubra por 24 horas (vai continuar doendo).
  • Consuma proteina para a recuperação.
  • Continue a pedalar - Loucura de profissional essa, eu achei. Nem imagino subir numa bicicleta agora! Mentira, imagino sim.
Use algum anti séptico e cubra a ferida. "A melhor prática é manter a ferida coberta por pelo menos 24 horas. Uma gaze vai ajudar a manter a ferida limpa." Segundo o dr. Richard.

A recuperação de uma ferida é como a recuperação de um treino. Se você não se alimentar direito ou não descansar bem, pode atrapalhar a regeneração da pele. "Ferimentos podem perder proteína e requerem nutrição adequada, então manter uma boa ingestão de proteína enquanto se recupera é importante."

Logo logo estaremos de volta ao pedal. Assim espero!

terça-feira, 15 de dezembro de 2015

10 Tipos de Ciclistas pra Pedalar Junto

E qual seriam os tipos de ciclistas mais legais de se pedalar? Só que dessa vez é um texto meu!

Tá ótimo pra sair hoje.
1: O topa tudo por pedal
Você manda uma mensagem às 21:00 tentando marcar aquele pedal sem noção na manhã seguinte com 150 km e 2 mil metros de elevação saindo as 7 horas da manha. E ele responde perguntando se dá pra sair as 6.

2: A junta rodas
Aquela pessoa que você chama pra pedalar e logo depois vira um super evento em grupo.

3: O Big Brother
O cara que com uma câmera e 2 horas de filme faz o pedal parecer uma mega produção de Bollywood.

4: A Piadista
Você está de coroinha, na maior catraca e com suor caindo nos olhos, mas quando você passa por ela (ou o contrário) sempre solta aquela frase de efeito que ainda consegue te fazer rir.


Tem tudo no bolso de trás
5: O MacGyver
Sua corrente quebrou, um raio explodiu, uma borracha do freio sumiu! Não tem problema! Com uma multiferramenta na bolsa do selim e uns gravetos ele é capaz de fazer você chegar em casa. Mais rápido que quando saiu.
18 volumes completos

6: A Barsa
200 quilômetros já pedalados e nenhuma história repetida

7: O escalador
"Nessa subida, depois dessa curva, o gradiente aumenta, Uns 200 metros a frente alivia" E num piscar de olhos ele some depois da curva. Mas espera a turma chegar lá em cima pra seguir junto.
Nunca falha
8: O Grande Diesel
Pode estar o furacão lá fora, mas ele vai seguir firme e forte puxando a fila até o fim dos tempos.


Bora lá, vai ser de boa!
9: O Pro
Quem não conhece tem medo de pedalar junto. Só de olhar pro figura, você tem certeza que não vai dar certo esse pedal. Mas meia hora depois, a má impressão passa! Se apertam o ritmo ele vai junto, se diminuem, ele diminui sem fazer cara feia. Se você, pobre mortal, está se sentindo o monstro sobre rodas e ataca, ele não vai junto. Ele sabe que não precisa fazer cena em um passeio de final de semana.

10: O Ciclista, sério.
Sou pai, provavelmente não vou marcar horário pra sair e muito menos ser pontual, mas se nos encontrarmos na rua, garanto que vai ser de boa! Ou não...

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Os 11 tipos de ciclistas mais chatos

Original em Bicycling e ilustrações de Charlie Layton


1: Máquina de Desculpas.
Foi muito forte no dia anterior. Ou está num dia ruim. Ou está de ressaca. Então anuncia os planos de treino pra recuperação.








2: O Snobe e a anti-snobe.
Ciclistas que sempre provocam grandes duvidas sobre seu equipamento ou performance. Um tem sempre equipamentos novinhos, da última moda e simplesmente voam nas subidas, causando dúvidas sobre seu próprio equipamento. A outra monta uma velha bici e não compra pneus novos desde que LeMond venceu o Tour, mas mesmo assim vive batendo você nas subidas.



3: O ciclista "vai demorar muito?"
Aquele ciclista que diz adorar o sentimento de liberdade enquanto pedala, mas precisa saber precisamente o quão longo será o pedal para poder planejar as paradas pra comer, o quanto vai comer e quando vai se sentir satisfeito pelo pedal.



4: O machistinha.
NOTA: Essa é tão estúpida que eu nem acredito que possa ser verdade.
Tem medo mortal de ser ultrapassado por uma mulher. Vai fazer de tudo para estar na frente delas num pedal em grupo, incluindo fingir um problemas mecânicos. Fala sério...





5: A meia roda.
Está sempre alguns centímetros a frente das ciclistas do grupo acelerando o passo de todas. (Se as pessoas pararem de conversar e começarem a ofegar quando você chega na frente, esse ciclista pode ser você).







6: O Cronicamente despreparado.
Sempr empolgadíssimo para pedalar, mas aparece com o pneu furado. Precisa de um gel, uma câmara reserva ou kit de ferramentas emprestado toda semana. Está sempre tão ocupado pedalando que ele não pode se preparar com antecedência.





7: Corredora categoria 6.
Ir rápido é muito legal, amenos que que você não esteja atacando num sinal amarelo, ou fazendo de todo pedal uma competição (e quebrando 5 minutos depois), ou está determinada a pegar todos os Kom de ciclovias, ou diz que sua treinadora quer que você faça treinos intervalados em grupo.




8: A "gram" viciada.
Está tão apaixonada pelo pedal que tem que gravar todos os momentos e posta-los com 40 diferentes #hashtags #sobre #bicicletas. Se não, será que o pedal realmente aconteceu? 








9: O conversador.
Esse ciclista tem tanto a dizer e, infelizmente, tem larga capacidade pulmonar. Ainda assim é muito difícil de deixa-lo pra trás.

10: O super prestativo.
Sim, você pode ter ajuda demais, principalmente se você é iniciante e recebe uma avalanche de boas dicas tipo: "Você deveria comer mais. Você quer que eu cheque a pressão dos seus pneus? Certeza que não quer um empurrãozinho nessa subida? Aí vai de qualquer jeito!" O super prestativo é difícil de se livrar.


11: O sócio do super prestativo, o treinador não solicitado.
"Cotovelos pra fora, marcha mais baixa, mais força, olhando a frente, bunda para trás, vai, vai, vai!" O treinador é uma fonte infinita de conselhos, mas esquece que você está ali para curtir o pedal e não competir por uma vaga no time olímpico. 

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Tempos Pós Modernos

Estamos no ano 2015 da contagem mais usada na nossa bolotinha voadora. Macfly já voltou do passado, um avião elétrico cruzou o Canal da Mancha e carros também elétricos disputam campeonatos mundiais. Se isso é pouco, ano que vem será disputado um campeonato entre carros 100% autônomos como preliminar da Fórmula-E. Há quem diga que os motores elétricos já chegaram no world tour, vai saber. 

Mas nesse mesmo 2015 fantástico parecem ter cantos escuros esquecidos pela luz do bravo novo mundo. Por exemplo, o Congresso Nacional deste ano, alguns templos religiosos, e muitas, mas muitas cabeças de prego machinhas. Campanhas recentes feitas por grupos feministas tentam lançar luz sobre o assunto, as mais populares foram os sustenidos (hashtags para os anglófilos) "meuprimeiroassedio" e "meuamigosecreto". Acho que em alguns casos, lançar essas cabecinhas diretamente ao núcleo do sol não vai resolver, entretanto. Em menor grau, a UCI é bem parecida. A entidade reguladora do nosso querido esporte e suas restrições para o world tour que parecem estar paradas no tempo junto com os primeiros esboços de uma bicicleta de Da Vinci.


4,56 kg. Não pode. Foto: Cyclingweekly
Para nós, dublês de atletas, algumas tecnologias chegam antes. Merida Scultura 9000 LTD. A bicicleta de produção mais leve do mundo. 4,56 kg. Não pode lá... Eu consigo imaginar Rubén Plaza Molina escalando feito um foguete numa bici dessas. Mas uma regra instituída no ano 2000 restringe o peso minimo das bicicletas a 6,8 kg por questões de segurança. Hoje as equipes adicionam pesos às bicicletas para atender essa norma. Se essas bicis são vendidas por todo o globo, ou as fabricantes de bicicletas acham que o produto é seguro ou elas perderam o medo dos advogados de plantão.


Falco V. 3T... Foto: Falco
As regras para bicis de Triatlo são bem menos restritivas. Essa Falco V se livrou de elementos tradicionais em nome da eficiência aerodinâmica. Não tem o "seat tube" nem "seat stays" (foi mal, não achei tradução). O Desenho não é novidade, Zipp, Trek, Pinarello, já fizeram bicis com desenho semelhante.

Aero, Sem compromisso. Foto: Factor
Por último essa belezinha, Factor Vis Vires. Bici de estrada, aero até o último fio de cabelo esvoaçante. E também não pode por ter o tubo inferior (downtube) bipartido.

O que falta para a UCI mudar essas regras obsoletas? Muito provavelmente falta de interesse da própria indústria. Vejam o caso dos freios a disco, rapidinho conseguiram fazer a UCI aceitar. A partir de janeiro o uso no World Tour será legal.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Uma Subida Monumental


Essa não é uma grande subida por si só. Não tem uma grande inclinação desafiadora e muitas vezes nem parece que se está subindo. Se você não leu o primeiro texto deste blog, ou minha biografia aqui do lado, eu conto: Sou estudante de Arquitetura e Urbanismo e sou um candango que aprendeu a gostar do lugar e não penso em sair daqui tão cedo. Funciona mais ou menos assim pra quem vem de fora: ou você fica de boca aberta com a beleza da cidade, igual o João de Santo Cristo, ou você fica se perguntando por que as pessoas moram aqui, ou melhor, "cadê as pessoas dessa cidade!?".

Domingo de manhã
O Plano Piloto (que não tem desenho de avião, explico em outro post) é uma obra de arte de Lúcio Costa e algumas obras de arte tem que ser entendidas para serem devidamente apreciadas. Por isso é muito comum sentir um estranhamento inicial que pode virar repulsa ou, como no meu caso, virar encanto. Aqui no eixo Monumental, é fácil ficar encantado, afinal é a função dele, ser um monumento. A subida começa antes da praça dos Três Poderes. O Primeiro grande monumento à vista é o pavilhão nacional, o mastro de 100 metros de altura formado por 24 hastes que representavam as 24 unidades da federação quando foi inaugurado em 1972, projeto de Sérgio Bernardes. A bandeira é gigante, mede 283 metros quadros e normalmente ela está pendurada, aqui venta muito pouco, muito pouco mesmo. Logo depois tem a Praça dos Três poderes, projeto de Lúcio Costa com prédios desenhados por Oscar Niemeyer. Apesar de receber o nome de "Praça", lá não existe qualquer tipo de sombreamento. O chão é de concreto e não tem uma grama sequer. Esse é o centro do poder do estado idealizado por Montesquieu e como tudo na arquitetura Modernista - e estamos falando do ponto mais alto dela - tudo tem uma função muitíssimo bem definida. Aqui a praça tem a função de separar os prédios de maneira que não haja sobreposição deles. Na lateral do prédio do congresso, que não é centralizado, tem quase um degrau gigante que separa a Praça da Esplanada dos Ministérios. A inclinação do terreno era grande demais, esteticamente não ia ficar bom. O que tornou o esse trecho do congresso até a rodô um grande falso plano.
Rodô, Conjunto e Conic
Aí sim, logo depois tem uma subida curta até o cruzamento da W3. São 700 metros à 6%. A rodoviária hoje atende apenas ônibus locais e o metrô. A Rodô, outrora Plataforma Rodoviária, foi pensada por Lúcio (Meu "`bróder") como um grande centro cosmopolita chiquerésimo. A vista do pavimento mais alto é das mais belas da cidade. Porém, como em tantas outras partes da cidade, o uso foi completamente diferente do planejado, tanto que hoje o espeço tem o carinhoso apelido de Rodô. Embaixo dela passa o grande eixo rodoviário - eixão para os íntimos - que dá o desenho característico de Brasília (não é de avião, já falei isso?). Lá em cima, a Torre de TV domina o visual. Projeto de Lúcio costa, ela está assentada numa pequena colina artificial. A vista do mirante é imperdível. E o café também.

Torre de TV.

Monstrengo ali no cantinho. Não consegui tira-lo da foto...

Voltamos ao falso plano e nessa parte surge a "peça" mais monumental do Eixo Monumental. O Estádio Nacional Mané Garrincha. (Elefante branco é monumento?). Visto de longe, o monstrengo não parece pertencer ao local onde foi colocado. O estádio não tem tido muito uso depois da Copa do mundo de futebol de 2014 (7 x 1).

Centro Administrativo do GDF
Depois do trambolho a inclinação aumenta e a subida termina no ponto mais alto do Plano, esse natural, a Praça do Cruzeiro. Ali perto está o Memorial J.K., projeto de Oscar Niemeyer em homenagem ao falecido realizador de Brasília. Belíssimo por do sol deste ponto também.

Vista da parte mais alta do Eixo Monumental.
Próxima subida: Eixão Norte. Nesse texto vou explicar mais alguns detalhes de Brasília e por que não moramos num avião. Já morei vários anos em aviões, eu sei como que é. Acreditem em mim!

Eu acho que isso pode dar um TCC...

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Ciclista, criminoso.

Existem algumas coisas muito estúpidas mundo afora e até na natureza. Sim, na natureza. Nem precisa ir muito longe, nossos corpos tem alguns detalhes bem estúpidos. Nenhum projetista faria algumas besteiras tão grandes, mesmo sendo engenheiro ou advogado. Por exemplo, nossa garganta. Milhares de pessoas morrem asfixiadas por ano por causa de um pedaço de comida mal mastigado. Comer, é tão natural quanto respirar. E as duas coisas se cruzam por alguns momentos dentro da mesma cavidade. Outro exemplo, temos um parque de diversões no meio de uma área de esgoto, no entanto é assim que nós nos reproduzimos, ou não. 

Charge muito bem feita do Junião

Não tem muito tempo estava lendo uma matéria sobre um projeto de lei que tramita num dos lugares mais estúpidos dos últimos tempos, a Câmara dos Deputados brasileira. Sobre o PL 2180/15 feito por Fábio Reis, PMDB-SE. Vale a pena clicar lá, ler e depois voltar aqui. Vou deixar uma imagem motivacional enquanto isso...
Fabian Cancellara, Roubaix 2010. Uma lenda que vai se aposentar em 2016. Foto: Cyclingweekly
Tudo bem, um resuminho: "Em relação aos ciclistas, o texto aprovado considera infração gravíssima, com pena de multa e retenção da bicicleta, deixar de transitar nas ciclovias ou ciclofaixas quando a via dispuser deste tipo de pista. Nesse caso, se o ciclista não possuir Carteira Nacional de Habilitação (CNH), o valor das multas será vinculado ao número de Cadastro de Pessoa Física (CPF), podendo ser o valor inscrito em Dívida Ativa em decorrência de inadimplência.". 

Vou usar Brasília como exemplo, já que aqui tem bastante ciclovias. Nós, estradeiros e contra-relogistas teríamos que treinar nas ciclovias, isso mesmo, a 30 / 40 km/h naquelas pistinhas de concreto irregular onde pedestres andam tranquilamente olhando pro infinito ou pior, pro telefone. Ou pegar um carro pra ir treinar no Lago Sul/Norte. Imaginem a cena estapafúrdia de uma apreensão coletiva de um pelotão treinando na L4 norte (tem alguns trechos de ciclovia perto da UNB).

Lembro de ter lido e pensado que a proposta era idiota demais pra passar em algum tipo de comissão. Pois é, passou pela comissão de Viação e transportes. O projeto vai passar agora pela comissão de constituição e justiça. Pensando bem não sei por que estou surpreso, Cunha segue firme na presidência da Casa...

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Pipoca ou não pipoca, eis a questão!

Tem um cruzamento aqui perto de casa que eu costumo passar repetidas vezes durante meus treinos. Não tem sinaleira por ser pouco movimentado. É uma saída de uma comercial que tem um retorno logo depois, tem vários desses em toda L2. É também caminho pra quem vai para UNB, via L3 Norte. Esse trechinho da L2 é em aclive, por isso, ótimo pra treinar o que eu gosto. Só que como subo devagar, os motoristas sempre ficam me olhando com cara de interrogação - isso quando me vêem - tipo: Espero? Vou logo? Passo por cima? Escrevi "Regras de trânsito com o Ciclista, Sério" depois de passar várias vezes nesse cruzamento.


É bem ali que vai acontecer a última etapa do Campeonato Capital de ciclismo. Domingo, rua fechada, maravilha! Nenhuma ameaça de morte! Só que não. A chamada "Pipoca" divide opiniões e egos pegam fogo nessa hora. 


Eu sou partidário de que a rua é Pública, e tudo que não vá ameaçar o andamento do evento pode circular por lá. Logo, todo pipoqueiro que quer aproveitar a tranquilidade de uma rua livre de carros, tem que estar muito atento e ser muito ético. Atento pra não atrapalhar quem compete, não entrando no pelotão e saindo do caminho antes que você seja alcançado. Ético pra não sair catando coisas que o organizador disponibilizou aos pagantes do evento, essas sim, são particulares. Isso é muito feio, criançada. Pegar medalha então? Nem pensar! Não sigam o exemplo desse rapaz, José Maria Marin que está preso desde maio deste ano.

terça-feira, 3 de novembro de 2015

União Ciclística de Todo Dia

Li esses dias um texto da Renata Falzoni sobre o "Preconceito dos cicloativistas". De primeira achei tudo muito bobo, afinal, é tudo bicicleta. Aí eu pensei mais um pouco e cheguei a conclusão de que o preconceito é uma bobeira sem cabimento.

Dia normal na trilha
Eu adoro fazer piada com o pessoal do Mountain Bike. Esse negócio de tudo que aparece pelo caminho ter que descer da bicicleta não entra na minha cabeça. Tem subida? Desce da bicicleta! Tem descida? Desce da bicicleta. Boteco vendendo cerveja? Descem todos da bicicleta. Eu não entendo. Mesmo sem entender, todos nós pedalamos, às vezes na mesma rua. Estamos a mercê do mesmo trânsito.

Mesma coisa do pessoal que só sai pra pedalar no eixão no domingo. Se retirarmos esses ciclistas da pauta, como iremos lutar contra os esqueitistas que ficam zanzando sem direção cruzando SETE faixas de TRÊS metros cada uma o tempo inteiro? Eles não pedalam...

Fiquei meio surpreso por que eu, "speedeiro" (ciclista de estrada) dependendo do humor do cicloativista posso ser riscado da conversa. Entendo que os pelotões, à primeira vista, parecem um bando de neuróticos fugindo do furgão do sanatório, depois de tomar um pacote inteiro de um tarja preta muito forte, de uma só vez (e depois chamar o Lance ou qualquer outro ciclista mais forte de dopado).
Ciclista
Falando sério, o trânsito é perigoso pra todo mundo que pedala. Quando o assunto é o bem comum, temos que tratar o assunto com seriedade.

quinta-feira, 29 de outubro de 2015

O Difícil Ciclismo Feminino

O ciclismo feminino é difícil até longe da bicicleta
Pegando carona no assunto da semana que foi a prova do Enem onde a filósofa Simone de Beauvoir foi citada com um trecho de seu livro "O segundo sexo" de 1949. Vejam bem, uma citação de um livro que tem 66 anos causou alvoroço em pleno século 1 D.I, (Depois da Internet), continuando... E a redação teve como tema a violência contra mulheres. Isso me fez lembrar dos recentes casos de sexismos dentro do ciclismo.

Elas pedalam com um adicional de medo, que vai além do roubo de suas bicicletas, por estarem usando roupas justas, absolutamente iguais às que eu uso, mas que no caso delas podem ser qualificadas como "estava pedindo". A vida das mulheres ciclistas é muito mais difícil, sejam amadoras ou profissionais.

A indústria e organizadores de eventos ciclísticos dão suas caneladas pelo mundo. A última a pisar na bola foi a Colnago, famosa fabricante de bicicletas de alta performance italiana, que postou uma imagem no twitter completamente desnecessária:
Borracharia Colnago
Tá na cara que a propaganda é uma peça para homens. A bicicleta é masculina, por ser muito grande, e a modelo está sem sapatilhas. Obviamente, deu M. A Própria Colnago já pediu desculpas. Mas mesmo assim, o tradicional chororô masculino "estão levando isso a sério demais" inundou de lágrimas o twiter. Não é assim, pessoas do gênero masculino: existem várias ciclistas sérias, proprietárias ou amantes da marca, que ficaram muito chateadas por não serem levadas a "sério demais". Querem ver outro exemplo:



A imagem está difícil de ler, mas eu traduzo: "Ciclistas femininas geralmente não precisam forçar seus limites, correr contra o tempo ou buscar mais adrenalina em decidas de trilhas difíceis. Elas só querem curtir o tempo em contato com a natureza nas suas bicicletas. As expectativas são completamente diferente das dos homens..." Tem outras besteiras, mas eu já estou enjoado o suficiente. Essa pérola é de um fabricante de bicicletas das República Tcheca.

Essa é a campeã da vergonha alheia mundial, pra fechar o texto:


Tem algum sentido nisso? O organizadOr do evento fez a clássica manobra "não fui eu" pra tirar da reta, só ficou pior.