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segunda-feira, 3 de outubro de 2016
Sem sentido
Certa feita em um reino distante, muito distante mesmo, onde as pessoas falam enrolado, os "erres" são pronunciados como o Galvão grita "Ronaldinho" misturado com sons guturais dignos de bandas de Black Metal. Houve uma guerra devastadora, um certo bigodinho de um partido ultra nacionalista tocou o terror por lá. O bigodinho se meteu com um bigodão e levou uma surra, esse reino então passou a se equilibrar no fio da navalha. Na verdade todos os outros reinos se equilibravam como podiam pra evitar outra destruição em larga escala.
Depois dessa treta toda, as pessoas trabalharam duro durante a reconstrução desse reino, e a bicicleta, era absoluta como transporte lá. A bonança chegou rápido, o reino era rico, explorador de colônias mundo a fora e um grande banco do velho continente. Com a bonança, veio o automóvel. Com o automóvel individual, foram-se as bicicletas, parte da história das cidades que deram lugar a novas ruas. Foram-se árvores, calçadas, bondes, vidas... Muitas vidas! Foram tantas que em determinado momento as pessoas perceberam que o meio de transporte estava cobrando um preço alto demais. O preço da gasolina também ficou alto, a bonança financeira também se foi por um momento. O reino do bigodão se foi. As bicicletas reapareceram e ainda permanecem lá, lindas, amontoadas por toda parte e até no fundo dos canais. A cidade foi repensada, o reino não precisava mais de tanto asfalto. Praças, mais calçadas, mais ciclovias. Hoje o reino é reverenciado e copiado como modelo de transporte urbano.
Em um outro lugar diferente, uma republica. Essa aqui pertinho e não tão rica, nem tão destruída e nem tanto inteirassa assim, houve um lampejo ciclístico. Lampejos são desajeitados mesmo, não são regulares e podem não significar muita coisa ou talvez, um princípio de uma grande ideia. Uma certa estrela, hoje em frangalhos - por causas diversas - em meio a aves de bico longo tentou implantar uma cópia do reino descrito anteriormente. Apostavam que a infraestrutura deveria preceder as pessoas em bicicletas. Mudaram limites de velocidade e ritmo em que a vida se esvai em acidentes de trânsito diminuiu. Recuperaram uma pequena parte do chão da cidade. Chão tão ignorado por tanto tempo pelas próprias pessoas que vivem sobre ele. Nesse reino aqui perto, parece que as pessoas não ligam para as outras pessoas. As aves de bico grande se alvoroçaram, o ninho estava em perigo. "Que se faça velocidade novamente! Não fiscalizem mais nada! Essas ciclovias não ligam nada a lugar nenhum, acabem com elas! Fogueira, matem todos! Estão pensando que aqui é o quê? O reino anteriormente descrito!? Vá pro reino da ilha cercada!" gritaram. E gritaram tanto, tão alto, que os súditos ouviram, aceitaram e apertaram o botão verde da aprovação. As aves de bico longo vão voltar. Parece que as coisas por aqui são como o Usain Bolt fazendo o moonwalk do Michael Jackson.
*Toda e qualquer semelhança com a realidade foi de propósito.
quarta-feira, 13 de julho de 2016
Cuba e o respeito à vida
Havana velha |
Pulando direto pra revolução cubana de 59 liderada por Fidel, a ilha passou por maus bocados sob a sombra dos EUA. Uma briga direta contra a mais poderosa força militar do planeta que fica apenas 180 quilômetros de sua capital, - distância que pode ser vencida de bicicleta sem maiores dificuldades - obrigou a população a viver sufocada por um bloqueio naval quase que absoluto, deixando poucas opções de sobrevivência. Vale lembrar que a ilha basicamente produzia açúcar e tabaco. Talvez a revolução socialista e os anos de dificuldades tenham tornado o povo cubano mais próximo, respeitoso e humano. E o que vi na relação do uso das ruas e estradas do país é algo que me deixou muito surpreso. Tão surpreso que estou a ponto de parar de pedalar na rua aqui no Brasil.
Um domingo em Vedado. Aqui, só no eixão fechado. |
Não sei ao certo de onde vem o completo desrespeito à vida humana que é tão incrustado nas nossas almas. De todos nós brasileiros, uns um pouco mais outros um pouco menos. Somos muito escrotos uns com os outros. Pode ser herança da colonização exploradora, com a escravidão de índios e africanos que perdurou por mais de 400 anos. Pode ser a desigualdade institucional da sociedade capitalista contemporânea (que não mudou tanto desde 1500 e a desigualdade se aprofunda ainda mais), é o conhecido "eu paguei, eu posso" ou ainda: "eu paguei mais, eu cago na cabeça de vocês". Pode ser nossa justiça que só é "clava forte" contra quem não pode pagar. Não tenho meios de especificar o que exatamente nos torna tão perversos, teria que ascender ao nível de Sérgio Buarque de Holanda ou de Darcy Ribeiro pra entender o que se passa. Por enquanto fico com minhas suposições, chegar à altura deles leva tempo.
Minha vontade de levar o ciclismo adiante está por um fio. Tenho pouca esperança de que a falta de respeito com o próximo mude. Uma pena, eu gosto muito de pedalar.
terça-feira, 24 de maio de 2016
Criterium Grande Prêmio da Holanda: Eu fui!
Sério ali na esquerda |
os do parque e espectadores do evento. Brinquedos para as crianças e lanches pra todo mundo, dos naturebas ao gourmet. Tudo muito bom. A festa toda foi parte das comemorações do dia do Rei da Holanda onde vários eventos foram realizados por todo Brasil. Aqui temos ainda a exposição de trabalhos de Mondrian e do movimento De Stjil e tivemos dois eventos no bar Santuário e a prova ciclística no parque da cidade.
Os locais babam |
Bike Fishing: 12 mil bicicletas pescadas por ano |
A categoria open, onde me inscrevi, foi a primeira a largar, às 7 da manhã, infelizmente a Eurosport ainda não estava transmitindo ao-vivo, fazer o quê? Cheguei cedo, já tinha pegado meu numeral durante a semana, fui lá pra frente na largada pra evitar possíveis confusões, mas demorei 2 anos pra encaixar a sapatilha no pedal e acabei ficando um pouco pra trás. Novinho nervoso, normal. O pessoal também estava nervoso, acertaram um cone logo no inicio da prova, causando algumas quedas, desviei de tudo e todos conseguindo voltar ao pelotão. Não sei se é coisa dos ciclistas daqui de Brasília, mas o pessoal adora cones. Se tiver algum na rua, será derrubado. É tipo casco vermelho do Mario Kart. Lá pra metade da prova derrubaram mais um, mas sem consequências maiores. O ritmo seguiu bem razoável na primeira volta ali pelo meio do pelotão. Algumas fechadas tensas dos pilotos de Moto GP (pessoal da tangência na pista toda) outras freadas desnecessárias, mas era previsto, estamos na categoria dos iniciantes. Na subida do cemitério aquela puxadinha de leve, nada assustador ainda. O detalhe foi que subi sem descer a marcha pra coroinha, fiquei surpreso. Passar pelo pórtico de largada/chegada era uma diversão à parte. No restante da subida até o TCDF o pelotão acalmava, alguns reclamavam da queda do ritmo, mas quem reclamou não foi assumir a frente do pelotão. O cargo de puxar ficou na maioria do tempo com o pessoal da Veloce, Roberto Negrete levou a medalha de mais combativo pelo serviço prestado ao pelotão, garantindo média de 40,8 km/h no final da prova. As subidas do cemitério foram se sucedendo, segunda, terceira, sempre sem descer marcha. Só eu que perdia umas posições, mas sem perder o pelotão. O restante da subida do parque também era no mesmo esquema (todo mundo sabe, já dizia o Jucá). Eu já estava pensando em como fazer meu brilhareco. Terminar a prova no meio do pelote seria legal, mas não seria foda.
No inicio da última volta já estava decidido. O super ataque surpresa para aparecer no sports center já estava pronto na minha cabeça. Fui procurando a esquerda do pelote e esperando uma roda que me levasse lá pra frente. Lá pelo terceiro ciclista que avançou consegui um espaço pra entrar na fila, ali na altura do pavilhão de exposições, onde a subida inclina um pouquinho mais, quase chegando na frente do pelote e com bastante espaço na esquerda, ataquei. Tinha avistado uma moto amarela e uma câmera na mão do condutor, perfeito, vou sair na fita ainda! Pensei. Dois cliques no passador com o dedão da mão direita e duas marchas pra baixo. Crac, Crac fez a corrente descendo precisa (Ah, campy...), pé direito na frente, levanta e força, muita força. Segura a bronca aí 3T. Acelerei forte, deixei o pelotão pra trás e passei por um escapado que nem tinha visto antes de atacar. Crac! E mais uma marcha, a subida terminou e só ouço o barulho do vento e meu coração que estava mais ou menos na altura das orelhas. Já tinha chegado aos 40 por hora (Obrigado, Orbis II). Fique baixo, fique baixo, pensava. O suor pingava do capacete enquanto pedalava de cabeça baixa. Olhei pra trás e o pessoal ainda estava longe, em uma longa fila indiana, tinham reagido ao meu ataque. Olhei pra frente e o cara na moto não estava me filmando, bosta. Não durou muito, é verdade, fui pego por uma segunda passando a entrada do estacionamento do parquinho Ana Lídia, o outro escapado ainda chamou pra trabalharmos juntos, mas o pelotão já estava nos nosso calcanhares. Valeu cada segundo. Agora estava surpreso de verdade, gostei de mim (já dizia o professor Fábio lá no Colégio Apoio). No restante da volta estava me sentindo meio tonto. Não sei pelo pico de adrenalina ou pelo esforço. Muito provavelmente pelos dois. Mais uma subida do cemitério pra terminar, dessa vez acabei ficando. Passei mais uns sobrados e ainda tive ânimo de fazer um sprint no final.
Fechei a prova sorrindo e com planos de participar de mais provas do calendário. Planos de treinar mais, ir pra Holanda, conquistar o mundo e tudo mais. Espero muito que o pessoal da embaixada do Reino dos Países Baixos tenha tido o retorno esperado, quero mais ano que vem.
PS: Ainda não achei foto nenhuma minha heheh
quarta-feira, 6 de janeiro de 2016
A Velocidade que move o Ciclista, sério.
Super rápido. Foto: Velonews |
Eu estava andando bem em mais um pedal planejado pra ter mais de 100 km. Lá no quilômetro 95, com frequência cardíaca média na Z2, velocidade média de 29.7 km/h, guardando pernas pra forçar no final do pedal e chegar nos 30 km/h de média. Mas por puro amadorismo, furei a câmara reserva e o pedal terminou ali mesmo. Mesmo assim, dessa vez foi legal. E foi exatamente por causa da velocidade. Eu gosto de velocidade, sério.
Falando nisso, eu não consegui descobrir por que diabos as bicicletas de estrada aqui no Brasil se chamam "speed". Uma pesquisa no google pelo termo só retorna sites brasileiros. E eu não gosto dele, prefiro "estrada".
Squalo di Mecina |
Eu gosto de voar. No meu antigo trabalho na empresa aérea colorida, eu costumava a operar mais perto do limite superior do velocímetro (sempre dentro dos limites de segurança determinados pela empresa) o que deixava alguns colegas nervosos. Eu era copiloto e como não mandava nada, era constantemente podado, tinha que acatar as ordens. Depois dos anos de bicicleta eu aprendi que andar rápido de carro é estupidez, é um risco desnecessário pra um monte de gente, deixo a velocidade sobre 4 rodas pra um eventual kart.
Sagan, descendo. |
Vou seguir escrevendo sobre a velocidade. Dicas, equipamentos, o que deu certo comigo e o sentimento bom de conseguir ir mais rápido. O que não der certo também vai pra série. Falta só pensar em um nome!
segunda-feira, 28 de dezembro de 2015
Pedal de 100km
Saindo para o primeiro pedal de 100 km. |
Acontece. |
Sempre bom parar pro café snob. |
quarta-feira, 16 de dezembro de 2015
Como tratar ralados. Pois é, me ralei...
Sagan descendo forte no Tour - Foto: Watson. cyclingweekly.co.uk |
Vinha rápido em um trecho reto de pequeno declive. Numa comercial aqui do Plano. Um carro tinha diminuído pra eu passar e pra agilizar o trânsito, acelerei mais um pouco. Lá embaixo um balão (rótula, bambolê ou queijin). Já tinha desligado o gps, nem era disputa de Kom e estava a uns 500 metros de casa. Não vinha carro nenhum do lado direito e eu pensei: Vai Sagan! Nem toquei nos freios de tão confiante. No meio da curva já estava mais pra Valentino Rossi. No meio dessa mesma curva já estava com a sensação de que aquilo não poderia dar certo. No meio dessa mesma curva o pneu dianteiro escorregou. No final dessa curva eu estava arrastando no asfalto esperando tudo parar. Quando tudo parou, levantei rápido para sair do meio da rua. Um cara, de dentro do carro me perguntou se estava tudo bem. Respondi que estava, olhando para a bicicleta, obviamente. Eu estava de pé, devia estar bem mesmo. Depois de ver que estava tudo no lugar (na bicicleta), botei a corrente de volta, e continuei meu caminho. Aí a perna começou a arder.
Rossi. Só que não |
Pesquisando em alguns sites sobre ciclismo, achei algumas dicas úteis para se tratar em caso de acidente. Mas eu recomendo fortemente é não tentar fazer curvas igual no Moto Gp em cima de uma bicicleta, os pneus não são parecidos, não vai funcionar, vai por mim!
O médico chefe da equipe Sky, Richard Usher dá as dicas:
- Procure por mais ferimentos (depois de verificar a bicicleta, obviamente!).
- Pare o sangramento. (Ou as lágrimas, se a bici estiver quebrada)
- Limpe a ferida com água potável (isso vai doer. Muito)
- Cubra por 24 horas (vai continuar doendo).
- Consuma proteina para a recuperação.
- Continue a pedalar - Loucura de profissional essa, eu achei. Nem imagino subir numa bicicleta agora! Mentira, imagino sim.
Use algum anti séptico e cubra a ferida. "A melhor prática é manter a ferida coberta por pelo menos 24 horas. Uma gaze vai ajudar a manter a ferida limpa." Segundo o dr. Richard.
A recuperação de uma ferida é como a recuperação de um treino. Se você não se alimentar direito ou não descansar bem, pode atrapalhar a regeneração da pele. "Ferimentos podem perder proteína e requerem nutrição adequada, então manter uma boa ingestão de proteína enquanto se recupera é importante."
Logo logo estaremos de volta ao pedal. Assim espero!
terça-feira, 20 de outubro de 2015
Aero, sem gastar nada.
Acho que só com esse título a indústria ciclística vai me riscar da lista dos possíveis testadores de bicicletas, capacetes, roupas, sapatilhas, rodas e tudo mais que possa ser taxado como Aerocoisa. Acho ainda que não vou poder botar a mão e nada aero, nem voltar a voar em aeroclube. Ciclista, dramático. Minha mãe foi do teatro... Calma NSA, não quero evitar compras, só organizar as coisas!
Charlie Futrell, 90 anos. Triatleta. |
A imagem acima era para ser meramente ilustrativa, mas, numa pesquisa rápida descobri que o Senhor em cima da bicicleta tinha 90 anos, quando completou uma prova de Triatlon em 2011. 2047 é nóis!
Agora de volta às aerocoisas. Tem como gastar muito ou não muito na hora de pegar a onda do momento. E tem como não gastar nada. Na foto do vovô atleta, pra você, o que parece que mais atrapalha na "passagem do ar"? Tempo! Tic-tac...
Pois é... É o próprio vovô. Logo, jovem mancebo, quem mais atrapalha a "passagem do ar" é quem está fazendo força em cima da bicicleta. Que paradoxo, não? Acho que dá uma tese de doutorado em filosofia tipo: "A relação entre o esforço transcendental ciclístico e a auto sabotagem". Pois então, se você quer fazer menos força atoa, pode começar pelo seu posicionamento em cima da bicicleta. Nem precisa ser radical como Adam Hansen. Por experiência própria, basta apenas seguir duas dicas que eu li em algum lugar, que eu não lembro onde (sério!), que são: Flexionar um pouco os braços e abaixar a cabeça até você ver a estrada no limite superior da armação dos óculos. Só. Pronto. Eu sou alto, logo sou também uma barreira à "passagem do vento". Pedalar na minha roda é uma tranquilidade. Hoje mesmo saí pra fazer força e andar rápido. Escolhi um percurso mais plano e fui. Deu 32 km/h de média em 1:40 minutos de pedal sem nada aerocoisa, só eu. Mesmo assim fui ultrapassado por um cara numa TT como se estivesse parado (posicionamento mais aerodinâmico ainda)... Os braços vão sofrer, talvez o pescoço e as costas. Mas a sensação de ser um atleta é demais!
O site Bike Radar fez um teste muito interessante sobre o assunto. Vale muitíssimo a pena a leitura antes de ir às compras. É inevitável, eu sei!
terça-feira, 6 de outubro de 2015
Regras de trânsito com o Ciclista, sério.
Olá, queridos motoristas. Vou inaugurar aqui uma série de perguntas e respostas feitas por vocês, seres "racionais" que sentam a bunda em carruagens de fogo de 1 tonelada, pagam impostos, vestem suas coroas de louro, manto lilás e dirigem alegremente como um descendente direto de Julius Caesar.
Pergunta da vossa excelentíssima divindade: Querido Ciclista, sério. Sempre que chego em um cruzamento movimentado tenho que esperar muito para atravessá-lo. Pior é quando aparece um espaço entre os veículos divinos e vem um miserável de um ciclista para atrapalhar minha passagem. Qual a melhor opção, ignorar a passagem desse ser suado sobre rodas e avançar com minha biga em carga de ataque ou tentar matá-lo para que esta raça maldita de pessoas em forma suma do planeta, aos poucos?
Resposta do Ciclista, sério: Prezada tirana ou tirano do asfalto. Muito provavelmente, aqui em Brasília, não ocorrem grandes cruzamentos movimentados, o Tio Lúcio planejou muito bem o "aviãozinho" pra evitar essas coisas. Logo, você não espera muito para atravessá-lo. Mas, mesmo assim, o que é "esperar muito" para vossa senhoria? Sentado numa carruagem de fogo, acolchoada, com ar-condicionado, música ambiente e protegido das intempéries do clima Brasiliense... 30 segundos? 45 segundos? 1 minuto? 3 minutos??? Certeza que isso é um grande problema para a sua pessoa? Aqui vão umas dicas para evitar inconvenientes: você pode acordar 5 minutos mais cedo, pode manter desligada essa porcaria de "telefone esperto" e poupar 20 minutos da sua manhã que você jogou fora no feicebúqui, ou talvez, como a maioria dos ciclistas fazem, deixar as coisas arrumadas a noite pra agilizar a saída de casa na manhã seguinte. Evite atropelar ciclistas se você se importa com seu bolso. Algumas bicicletas podem custar 40 mil realezas. Se for um dia ruim, pode ser uma bicicleta de 112 mil Imperialezas. Some a isso os montantes processuais e muito provavelmente você terá que vender sua carruagem para cobrir os custos (se for a de 112mil, será sua casa). Ou seja, preste atenção no que você está fazendo, nobre realeza.
domingo, 4 de outubro de 2015
Subidas de Brasília: O Buraco do Tatu
Pessoas altamente estressadas sempre chegam em um ponto crítico. Ninguém consegue viver muito tempo assim sem quebrar em algum momento. Ou acontece algum tipo de piripaque grave, ou um dia de fúria em um fast food ou até uma tarde abraçado numa garrafa de cachaça de plástico. Depois disso elas costumam a se entregar a algum tipo de religião ou filosofia antiga das catacumbas dos cantimbós da china (que ninguém mais dá a mínima), ou a horas e mais horas tentando inverter o jeito certo de andar, deitar e sentar - que humanos levaram milhares de anos pra desenvolver - ou, se você pedala, pode ir no Buraco do Tatu.
Certifique-se que você tenha um nível de preparo físico bom pra tentar essa subida. Tipo subir a primeira parte da JK forte, mas sem vomitar. Se não tiver, fatalmente você irá subir andando (na melhor das hipóteses) ou numa ambulância.
A Borda do Planalto Central |
São 110 metros pra cima em apenas 900 metros pra frente. Significa... Se não é suficiente pra repensar a vida, repensar a ideia de ter descido lá é muito fácil. E isso acontece sempre que eu vou até lá. Principalmente quando tenho a intenção de repetir essa subida algumas vezes. Com a relação que está na minha bicicleta, o sofrimento é amplificado, cadência de uns 40 rpm, em pé.
Subindo a QI 23, no balão, pegue a segunda saída em direção aos condomínios. Tem um outro balão menor, pegue novamente a segunda saída. Logo depois de uma grande portaria vermelha, entre na primeira rua a esquerda. Não tem jeito de chegar por baixo, dá pra ver que o buraco é fundo (melhor testar os freios antes), o sofrimento começa de véspera. Mantenha-se firme e desça até o final. Agora olhe para trás e veja o tamanho da besteira que você fez.
Tá feita a M. |
Não começa suave, são 19% na primeira curva. O primeiro trecho (foto de cima) segue duro até uma pequena reta onde a inclinação volta a ter apenas um dígito, coisa de 8%, mas parece que é plano depois do brutal início. Antes da curva a direita, as lágrimas voltam, mais de 10% de novo até a próxima curva a esquerda.
É um lugar de penitência relativamente pouco visitado aqui em Brasília. Sempre que posso, acabo indo lá. Treinar nesses gradientes me faz me sentir muito melhor em subidas menores. E é um ótimo medidor de preparo físico, se o coração chegar perto das amidalas, mal sinal. Fazer repetições lá é um dos treinos de subida mais extremos da região.
quarta-feira, 23 de setembro de 2015
Como comecei a Paternidade
Brics. O grande bloco
econômico recém-formado que tem feito o equilíbrio do mundo
mover-se mais para o oriente. China e Rússia tem assustado a Otan
constantemente. E o Brasil optou por pegar esse bonde exportando
commodities para os dois gigantes comerciais. Acho muito esquisito a
grande onda conservadora vira-latas nacional não reclamar constantemente dos
acordos comerciais do grupo, afinal Obama não participa da festa. Aliás, ninguém toca no assunto,
progressistas ou conservadores. Só que justo no dia 21 de fevereiro
às 10 da manhã uma comitiva russa resolveu deixar Brasília.
21 de fevereiro ás 14
horas de um dia nublado em Brasília, veio ao mundo aos berros a
Elis. 35 semanas e um dia de parto natural hospitalar como havíamos
planejado. Foi rápido, quase que eu perco também por causa dessa um
comitiva russa. No dia anterior Ana (era Ana ainda, em poucas horas
se tornará a Mãe de Elis) já sentia um grande incomodo, lugar
nenhum ficava bom. Já tinha procurado a Doula que também é acupunturista, mas mesmo assim não resolveu. Eu havia voado o dia
todo, estava moído também, nada parecido, só cansado. Fui dormir
tarde e preocupado. No dia 21 estaria de reserva, não rolou.
Logo cedo, umas 6 da manhã, Ana liga dizendo que estava sentindo
contrações ritmadas. Não era “nada”, um buscopan e repouso
resolveriam tudo, disse ela. Só que não. Uma amiga nossa passaria
lá pra casa pra levar o remédio e eu não peguei o voo das 7 de
Campinas pra Brasília. Pois é, estava a mais de 1000 km de casa. Fui
dormir mais um pouco por que estava “tranquilo”. 9 da manhã
outra ligação. “As contrações ainda estavam ritmadas de 4 em 4
minutos, mas a última tinha demorado 8”. Ela estava indo para o
consultório da G.O. para ter certeza de que estava tudo bem. Como
eram 35 semanas apenas eu não achava que iria acontecer um parto
normal, ainda mais com tão pouco tempo de gestação. Mesmo assim, juntei as coisas, joguei
tudo na mala e peguei um táxi para o aeroporto, em uma hora sairia um
outro voo pra Brasília. Tinha acabado de entrar no táxi quando Ana
ligou de novo. Era sério, já estava no quinto centímetro de
dilatação. No caminho fiz a besteira de avisar a escala de que não
estaria no aeroporto para cumprir minha reserva daquela tarde, pois
Ana estava em trabalho de parto. Besteira por que na ocasião de uma
falta, o passe (algo como uma passagem "de graça" para o funcionário)
era automaticamente bloqueado pelo sistema de passagens. O que é
proibido por lei, inclusive. Aconteceu, cheguei no aeroporto em cima
da hora e meu passe havia sido bloqueado. Por sorte a agente de
aeroporto conseguiu desenrolar o problema mesmo sem entender bulhufas
do que estava falando. Falava enrolado enquanto pensava num jeito de
embarcar naquele avião nem que fosse no trem de pouso. Por sorte não
precisou. Ia acabar preso e perderia o parto de qualquer jeito. Levei
a minha mala no porão e fiz o que nunca tinha feito antes, sentei na
primeira poltrona do lado esquerdo do corredor, a mais perto da porta
de saída. Durante o voo contei todas as cidadezinhas que passavam pela janela e reclamei toda vez que ouvia uma redução nos motores. O
voo só não foi mais demorado que os malditos madrugadões. Descida,
pouso, andamos devagar, paramos e esperamos. Esperamos mais um pouco,
mais outro pouco... Já estava fazendo as contas de quanto demoraria
pra abrir a saída de emergência, correr pela pista e pegar um táxi pro hospital. Felizmente não fiz essa outra besteira que me faria
perder o parto por estar preso só que dessa vez a poucos quilômetros do hospital. E esperei mais um pouco até que pude ver um avião de
bandeira russa com prioridade pra decolar. Putin... Hoje, mano? Fala
sério!!! Finalmente paramos e fiz outra coisa que nunca tinha feito, levantei rápido antes que a primeira pessoa chegasse até a porta.
Até a comissária que me conhecia se assustou. Expliquei o que
ocorria e desci do avião antes do agente de solo chegar na porta. O
Agente, que eu também conhecia (na verdade conhecia todo mundo do aeroporto
de Brasília pelo uso frequente) me olhou com cara de quem não estava entendo p. nenhuma, de passagem consegui explicar a situação e pedir pra alguém guardar minha mala que estava no porão.
Saí correndo pela pista até o terminal e até o táxi. Nesse dia
estava com um monte de dinheiro em espécie na carteira, o que quase
nunca ocorre (é tipo a cada ano bissexto) Chegando na W3,
engarrafamento... Nisso a Doula liga pra saber onde eu estava, pois
Elis já estava pra nascer, 10 centímetros de dilatação. Ana já havia entrado no expulsivo. Pela terceira vez pensei em abrir
a porta e sair correndo pela rua. Não seria preso, talvez
atropelado. De novo achei melhor ficar no carro. Chegamos perto do hospital e
finalmente pude sair correndo pra lá. Burocracias e pra evitar o elevador muito demorado, fui pelas escadas. Nesse momento todo mundo
do hospital estava sabendo da história do pai piloto que estava pra
chegar, MENOS quem entregava a roupa pra entrar no centro cirúrgico.
Juntei toda minha paciência, que não é muita e naquela hora já
estava no volume morto, pra tentar explicar prapessoa que eu
precisava entrar lá e rápido. Mais sorte ainda foi que não precisei falar muito, uma enfermeira apareceu correndo na sala pra me salvar,
ou salvar quem me atendia, talvez. Até consegui colocar a roupa pro
lado certo foram mais uns minutinhos. Enfim juntos! Finalmente relaxamos e 40 minutos depois da minha chegada veio Elis para nossos
braços.
E esse foi o ponto
inicial de uma grande mudança que ainda estou passando. Já não trabalho mais como piloto e sigo lutando
contra velhos hábitos passados por várias gerações e pela
sociedade. Desconstrução é a palavra. É um longo processo,
doloroso as vezes, mas tem sido bom e sem volta.
segunda-feira, 14 de setembro de 2015
Avaliação: Grupo Campagnolo Chorus 11v
Fora do país existe um grupo bem peculiar de ciclistas conhecidos como "Cycling snobs". O site Bikeradar tem um teste que avalia o seu nível de "gourmetização ciclística" (aqui o teste!). Caso você não seja um snob há grandes chances de achar algumas respostas engraçadas e, provavelmente, lembrar de alguns amigos. E tirar com a cara deles no próximo pedal. Questões variam de como você usa o strava, gel, bonés, toma café e a pior de todas, se você fica se olhando no reflexo de uma vitrine, entre outras. Uma questão específica me eleva à beirada do precipício gourmet: "Bicicletas Italianas são???"
Os Ergopowers recebem grande atenção para a ergonomia, proporcionando grande conforto na pegada. A troca das marchas é feita de duas maneiras: pra cima (mais leves) com os dedos indicador e médio, (tanto faz, é leve o suficiente pra usar um dedo só) numa alavanca que gira no sentido horário (lado esquerdo) separada da alavanca de freio que é fixa. E pra baixo (mais pesadas) com o dedão. Pra ambos os lados é possível fazer trocas múltiplas de marchas, até 5. O acabamento - como de todo o grupo - é magnífico, essa alavanca de freio em fibra de carbono é de cair o queixo. O ponto fraco dos Ergopowers, segundo o próprio Lazzaretti, é a mola de retorno da alavanca do dedão. Segundo ele, tem dado problema, mas os meus ergopower seguem firmes. (lembrando que comprei tudo usado). O passador traseiro trabalha perfeitamente com o cassete 11-25. Apertou, trocou de marcha. Quase instantâneo. Até nas múltiplas trocas. E o melhor, nunca perde o ajuste entre as revisões. Ao contrário do 105 que eu tinha que direto começava a "errar" as marchas
O cara de quem eu comprei já tinha colocado um passador Super Record e o pé de vela era muito pequeno pra mim. Acabou que completei com o pé de vela Super Record que encontrei no Mercado Livre. Exagerei, eu sei. Por não ser muito popular por aqui, é difícil achar peças avulsas, quando aparecem, são mais caras que a concorrência. Esses são os pontos fracos do grupo.
Vicenza, Itália |
Vicenza, Norte da Itália. Cidade onde fica a sede da Campagnolo. De onde veio o grupo que está na minha bicicleta. Eu não tinha muita noção do que estava fazendo, acabei comprando junto com as Fulcrums (tendências fortes), mesmo com o alerta do super sincero Romulo Lazzaretti. Troquei um Shimano 105 de 10 velocidades por um Campy Chorus de 11 velocidades - uma mistura na verdade, tem uns Super Record no meio (SNOB!!!). Bom, não desfaço essa troca. Teoricamente os dois grupos se encaixam na mesma categoria de porta de entrada para o mundo maravilhoso da alta performance. (Errei! O correto está aqui) Mundinho esse que é bem suficiente pra mim.
Os Ergopowers recebem grande atenção para a ergonomia, proporcionando grande conforto na pegada. A troca das marchas é feita de duas maneiras: pra cima (mais leves) com os dedos indicador e médio, (tanto faz, é leve o suficiente pra usar um dedo só) numa alavanca que gira no sentido horário (lado esquerdo) separada da alavanca de freio que é fixa. E pra baixo (mais pesadas) com o dedão. Pra ambos os lados é possível fazer trocas múltiplas de marchas, até 5. O acabamento - como de todo o grupo - é magnífico, essa alavanca de freio em fibra de carbono é de cair o queixo. O ponto fraco dos Ergopowers, segundo o próprio Lazzaretti, é a mola de retorno da alavanca do dedão. Segundo ele, tem dado problema, mas os meus ergopower seguem firmes. (lembrando que comprei tudo usado). O passador traseiro trabalha perfeitamente com o cassete 11-25. Apertou, trocou de marcha. Quase instantâneo. Até nas múltiplas trocas. E o melhor, nunca perde o ajuste entre as revisões. Ao contrário do 105 que eu tinha que direto começava a "errar" as marchas
O cara de quem eu comprei já tinha colocado um passador Super Record e o pé de vela era muito pequeno pra mim. Acabou que completei com o pé de vela Super Record que encontrei no Mercado Livre. Exagerei, eu sei. Por não ser muito popular por aqui, é difícil achar peças avulsas, quando aparecem, são mais caras que a concorrência. Esses são os pontos fracos do grupo.
O conjunto também trabalha em perfeita harmonia, as mudanças de cora são muito precisas. Os rolamentos são cerâmicos, os braços são de carbono e o miolo em titânio. Conjunto muito leve e rígido. Nem o Contador consegue envergar o negócio. Quanto mais eu.
É um conjunto snob, no final das contas. Há um preço (alto) a se pagar pela exclusividade e causar aquele "hummmm" quando olham para os detalhes de sua bici na rua (todos olham). Se tivesse o Shimano ainda, poderia facilmente pegar umas rodas emprestadas pra testar, mas mesmo assim, como as rodas, esse grupo das fotos não está a venda (maus aê). Procurem outro na Internet ou com o Lazzaretti, mas estejam convencidos disso.
quinta-feira, 27 de agosto de 2015
Specialized Tarmac Sport
Um dos objetivos, sonho na verdade, que tenho em mente com esse blog é testar bicicletas, quipamentos e outras coisas relacionadas ao ciclismo. Pra começar, pensei em fazer o teste da minha própria bicicleta. Sem voltar até a idade da pedra, pulando tudo e indo direto para o fim da minha biografia ciclística, chegaremos na minha atual bicicleta, minha terceira filha, a Specialized Tarmac Sport.
Na parte técnica, vou usar o catálogo atual da Specialized para comparações. A Tarmac Sport tem desenho semelhante ao da versão topo de linha, S-works, e só. É a mesma filosofia que a indústria automotiva adota hoje, incluindo a parte de atualização de modelos, aquela história de obsolescência planejada. A S-works tem quadro com a última tecnologia em carbono da fabricante, FACT 11r, enquanto a versão Sport usa o carbono FACT 9r. O Garfo também tem desenho semelhante e construção diferente. Traduzindo essa sopa de letrinhas, a S-works é mais rígida e mais leve que a Sport, logo muito mais cara. Regra básica do ciclismo mundial. É tão básica que vem antes da lei da gravidade. Só o quadro da S-works é 7500,00 Dilmas mais caro que uma Sport completa.
Vale esse dinheiro todo? Não. Eu desejo ter uma dessas? Sim! Você é louco! Um pouco. É questão de pesar o custo/benefício. Eu, que pedalo 1 a 2 vezes na semana (quando minha filha não pede pra ir no parquinho) e, no momento, estou numa fase de transição de vida e portanto não gero renda, ter uma s-works é estupidez. Até porque eu não jogo na loteria. Indo um pouco mais longe, seria uma s-works razoável mesmo na minha vida passada (quando trabalhava na empresa aérea colorida)? Não. Quando então? Nível profissional, fora isso, é apenas por prazer de sentar a bunda numa bicicleta igual às usadas no tour ou pra ostentar. Somos capitalistas, faz parte. Até eu que não concordo com o sistema atual, não consigo me desligar disso. Podia ser pior, podia ser fumante.
E o teste? Te enrolei até aqui pra contar que não vai ter teste. Não escreveria sobre pontos fortes e fracos da minha própria bicicleta, ela pode ficar muito ressentida com alguma palavra. Como já escrevi antes, não é interessante forçar uma bicicleta ressentida. Na verdade, como é minha primeira bicicleta desse tipo, não tenho muitas referências pra comparar desempenhos. Quado eu for um blogueiro famoso, isso não vai ser problema. O que posso escrever a respeito é sobre os componentes que vieram com a bicicleta e quais eu troquei. Pois é, upgrades... Próximo texto será sobre rodas.
segunda-feira, 24 de agosto de 2015
Pedais épicos: Il Passo de Maniva
Il grave ciclista |
La machina |
Percurso completo com altimetria |
O Monte Campione fica a uns 70 km da casa onde estávamos, e ainda teria que escalar mais 15 km. Não era uma ideia muito boa, iria demorar demais. Mas estava confiante de cobrir os cerca de 160 km no dia. Porém, mais uma vez me ajudando muito, Giordano sugeriu ir até a estação de esqui de Passo de Maniva, 60 km já com a escalada. Me pareceu muito mais sensato. Planejamento refeito, percurso no GPS e às 7:40 da manhã italiana, ponho o pé na estarda. E que estrada! Logo após sair de Bréscia já dá pra sentir o drama, montanhas altíssimas e um vale muito estreito, por onde serpenteia a estrada até Maniva.
Em Gardone Val Trompia o vale se estreita e o rio que acompanha a estrada acelera. A inclinação do terreno já começava a aumentar. Até aí estava tentando manter a média perto de 28 km/h pra não demorar muito, mas eu desisti da idéia. Não é Brasília, que a subida logo termina, ainda restavam 35 km de subida.
Google street view. Não tirei uma foto |
Que o lugar é lindo e maravilhoso, que dá vontade de chorar enquanto eu estou relembrando o pedal e que voltaria lá mais 8 mil vezes é chover no molhado. A partir de San Colombano a coisa começa a ficar ainda mais bonita e feia ao mesmo tempo. O segmento marcado a partir dessa cidade é de Categoria 1 com 9,2 quilômetros de distância e 8% de inclinação média - para nós candangos, é dureza. A cada "tornante" era uma lágrima de alegria no olho direito e outra de dor no esquerdo. Fiz uma paradinha rápida pra pegar água em uma bica. Bem rápido pra não perder a coragem e pra ver se conseguia curar um pouco da câimbra que começava a dar sinais. Uma placa indicava que o lugar havia sido construído durante a grande guerra. Infelizmente não registrei a parada...
Pois é... No paredão final, onde leio no asfalto "ultimo quilômetro" minha perna direita falhou miseravelmente. Câimbra doída, não teve conversa, travou! Consegui parar numa "tornante" sem cair. E gravei esse vídeo:
Alguma coisa eu registrei! E por último, mas não menos importante, esse:
Doeu pra chegar lá em cima. E lá, finalmente levantei a cabeça para apreciar a vista. Que pedal magnífico! Montanhas de verdade! Eu, escalador sério! Aí sim, pausa pra um espresso, um pé de moleque italiano de amêndoas, uma obrigatória Coca-Cola e vamos à descida!
Sim, tinha que descer de lá. 60 quilômetros ladeira abaixo, "haaaaja santo, meu amigo!" diria um comentarista.
Alto... |
Chegando próximo à Bréscia, deu câimbra novamente na mesma perna. Estava a uns 15 km de Botticino, sem comida e quase sem água e sem vontade de arriscar um "Ita-porto-inglês" pra comprar algum lanche. E já tinha demorado bastante. Consegui chegar são e salvo e muito feliz.
Agradeço muito aos nossos anfitriões, Carla e Giordano, a paciência e apoio da minha família e ao Ciclista de Sirmione e sua esposa pela Bici!
Desencantou Peter Sagan!!!
Peter Sagan comemora! |
Sagan não unanimidade no pelotão, uns gostam outros não. Eu gosto. O cara é bem humorado, vive brincando com o pessoal no pódio. Tem um currículo e tanto. Levou a camisa verde no tour desse ano e nos últimos três Tours. Por não ter ganhado nenhuma etapa no Tour, o chefinho Oleg estava pressionando-o com ameaças de corte de salário e tudo mais. Atoa, é um dos ciclistas mais completos do pelotão. Muito habilidoso no manejo da bicicleta. E hoje desencantou. Tomara que larguem do pé dele, o cara não merece.
Peter e Nasser Bouhanni, foi perto |
terça-feira, 11 de agosto de 2015
Ser ciclista
Pedalar pode ser uma atividade prazerosa onde vários indivíduos podem se reunir pra curtir um passeio por parques, fazendas ou até mesmo pela cidade. Por ser mais lenta que os automóveis, é possível visualizar detalhes que o percurso oferece. As paradas são muito mais fáceis, não é necessário achar uma vaga pra estacionar, muitas vezes longe do lugar da visita. É só tirar um pé do pedal e parar onde estiver e aproveitar. Muitas vezes, também, faltam bicicletários pras paradas longas em cafés, indispensável para ciclistas. Entretanto, um cantinho está sempre disponível, a bicicleta é o meio de transporte, não precisa ser uma máquina supercara. Precisa ser confortável e prática para o transporte.
Porra nenhuma!
Bicicleta é sofrimento! Se não está sofrendo, você não está pedalando direito. Pedalar em grupo inclui tentar fazer nossos amigos sofrerem. Por que eles vão tentar fazer isso o tempo todo com você. Quanto mais amigo, mais divertido é deixá-lo pra trás. Vista? Que vista? Abaixe a cabeça e se concentre no ritmo da respiração e da cadência da pedalada. Dependendo da subida e do ponto em que esteja, olhar pra cima pode ser destruidor. E manter a mente calada, ignorando as ameaças das cãibras, é primordial. “Cala boca pernas! ”. Já dizia um alemão muito doido (Jens Voigt). Nunca pare numa subida, vai acabar com seu tempo no Strava. E o Strava é muito mais legal que o facebook. De longe. Acho que é pra isso que prendemos os pés no pedal, pra não parar. Parada só pra café ou uma Coca-Cola em pontos muito específicos. Nada de “não programado”. E nesses momentos as bicicletas devem estar em nossos colos. Deixar essas supermáquinas em bicicletários é inadmissível! Até porque ninguém carrega correntes, muito peso. E sim, as bicicletas precisam ser supercaras, outro entendido afirma que: “Ou elas são leves, fortes ou baratas. Escolha duas dessas opções” (Botranger). “Interna, esse cara é louco”, “pra quê isso, minha gente?” Não, sou ciclista. Sério.
Pedalar pode ser uma atividade prazerosa onde vários indivíduos podem se reunir pra curtir um passeio por parques, fazendas ou até mesmo pela cidade. Por ser mais lenta que os automóveis, é possível visualizar detalhes que o percurso oferece. As paradas são muito mais fáceis, não é necessário achar uma vaga pra estacionar, muitas vezes longe do lugar da visita. É só tirar um pé do pedal e parar onde estiver e aproveitar. Muitas vezes, também, faltam bicicletários pras paradas longas em cafés, indispensável para ciclistas. Entretanto, um cantinho está sempre disponível, a bicicleta é o meio de transporte, não precisa ser uma máquina supercara. Precisa ser confortável e prática para o transporte.
Porra nenhuma!
Bicicleta é sofrimento! Se não está sofrendo, você não está pedalando direito. Pedalar em grupo inclui tentar fazer nossos amigos sofrerem. Por que eles vão tentar fazer isso o tempo todo com você. Quanto mais amigo, mais divertido é deixá-lo pra trás. Vista? Que vista? Abaixe a cabeça e se concentre no ritmo da respiração e da cadência da pedalada. Dependendo da subida e do ponto em que esteja, olhar pra cima pode ser destruidor. E manter a mente calada, ignorando as ameaças das cãibras, é primordial. “Cala boca pernas! ”. Já dizia um alemão muito doido (Jens Voigt). Nunca pare numa subida, vai acabar com seu tempo no Strava. E o Strava é muito mais legal que o facebook. De longe. Acho que é pra isso que prendemos os pés no pedal, pra não parar. Parada só pra café ou uma Coca-Cola em pontos muito específicos. Nada de “não programado”. E nesses momentos as bicicletas devem estar em nossos colos. Deixar essas supermáquinas em bicicletários é inadmissível! Até porque ninguém carrega correntes, muito peso. E sim, as bicicletas precisam ser supercaras, outro entendido afirma que: “Ou elas são leves, fortes ou baratas. Escolha duas dessas opções” (Botranger). “Interna, esse cara é louco”, “pra quê isso, minha gente?” Não, sou ciclista. Sério.
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